Bolívia de muitas culturas e cores…
Discorrer sobre a Bolívia não me parece uma
tarefa muito fácil. Bolívia é uma terra de muitas culturas, cores e línguas…um
país que poderia ter como lema: unidade na diversidade.
Diversa é sua natureza física, dividida em terras
andinas, altiplano e terras baixas. Cada uma delas se subdivide em
departamentos[1]. Nós, Religiosas
da Sagrada Face, estamos inseridas no departamento de Cochabamba, num município
denominado Tolata, distante 35,7 km da cidade de Cochabamba. Os povos que
habitam estas terras possuem culturas, línguas e visões de mundo distintos. As
linhas vinduoras tratam deste assunto.
Antes da Colonizacao Europeia, toda a Região
andina da Bolívia, fazia parte do Império Inca, o maior império da era pré-colombiana.
Este império abrangia várias nacões e mais de 700 idiomas diferentes, sendo o
mais falado, o quíchua. Muitas expressões desta cultura podem sem encontradas
em toda Bolívia.
A cultura boliviana resulta da fusão entre as
culturas inca e hispanica. No entanto, os 38 grupos etnicos[2] conservam fortemente os tracos de seus ancestrais presentes nas vestimentas,
nas suas tradicoes, nas linguas e visoes de mundo, apresentando fortemente
influências indígenas, vivenciadas em sua ligacão com a terra e a natureza.
O povo mojeño, por exemplo, traz em si o sentido
da harmonia do cosmo: o universo pertence a todos e a convivência pacífica se
impõe pelo respeito a tudo o que é criado. Neste cosmo cheio de vida, todos têm
o mesmo direito e os mesmo deveres.
“La paz y la justcia se han
abrazado… El señor mismo dará la felicidad y dara sus frutos nuestra tierra. La
rectitud andará delante de el, la paz irá seguiendo sus pisadas”
Para os mojeños, há um Ser ou Amo Supremo,
chamado Maimuna, que coordena todo o universo. E há também um espírito do mal,
chamado Éreana. Falam também de espíritos cuidadores (Duenos), que estão mais
próximos da vida diária, entre eles os dos bosques, das águas e ainda o tigre,
como dueno de todos os animais do bosque.
Assim, o povo mojeño nunca caca ou extrai madeira sem que antes tenha pedido
permissão aos espíritos do bosque para fazê-lo. Acreditam que se uma pessoa se
exceder na caça ou no corte de madeira, serao acometidos de muitos males
enviados pelos espíritos do bosque.
Outro ascpecto cultural dos povos mojeños é o
fato de existir na comunidade pessoas que buscam manter a harmonia entre os
membros da comunidade, dando-lhes conselhos. O Járauki, que significa: “aquele
que tem as vistas claras”, normalmente mora um pouco distante do povoado, o que
lhe permite aconselhar com aquele olhar de fora.
Outro aspecto significativo está no fato de
receberem um nome, homônimo ao de um ancião ou anciã. É costume, quando alguém
passa por dificuldades procurar o seu Tocayo (aquele ancião ou anciã que tem o
seu nome) para encontrar ajuda. O Tocayo tem obrigação de acolhê-lo e de cuidar
desta pessoa.
A(s) cultura(s) boliviana sao diversas, mas
guardam aslguns aspectos que são semelhancas entre si. A ligação com a terra
que denominam de PACHAMAMA, é uma delas. É a Pachamama que os favorece com o
bens para viverem… a ela oferecem oferendas e realizam ritos em agradecimento
por suas dádivas. A ela, oferecem os primeiros frutos da colheita…
Eis um pouco dessa cultura tao rica… que
possamos olhá-la com humildade para percebermos nela a presenca de Deus.
Comunidade de Tolata, Bolívia