quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Palavras do Santo Padre Francisco para a festa de Nossa Senhora de Guadalupe:

"Amanhã é a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira de toda a 
América. Nesta ocasião, quero saudar os irmãos e irmãs do continente, e o faço pensando em Nossa Senhora de Tepeyac.

Quando apareceu a São Juan Diego, seu rosto era o de uma mulher mestiça e suas vestes estavam cheias de símbolos da cultura indígena. Seguindo o exemplo de Jesus, Maria está perto de seus filhos, como uma mãe carinhosa acompanha o seu caminho, partilha as alegrias e as esperanças, os sofrimentos e as angústias dos homens de Deus, que são chamados a fazer parte de todos os povos da terra.

A aparição da imagem da Virgem na tilma (manto) de Juan Diego era um sinal profético de um abraço, o abraço de Maria a todos os habitantes das vastas terras americanas, que já estavam lá e os que virão depois.

Este abraço de Maria apontou o caminho que sempre caracterizou a América: uma terra onde povos diferentes podem conviver, uma terra capaz de respeitar a vida humana em todas as fases, desde o nascimento até a velhice, capaz de acolher os migrantes, assim como os pobres e marginalizados de todas as idades. Uma terra generosa.

Esta é a mensagem de Nossa Senhora de Guadalupe, e esta é a minha mensagem, a mensagem da Igreja. Encorajo todos os habitantes do continente americano a ter os braços abertos como a Virgem Maria, com amor e ternura.

Eu oro por todos vós, queridos irmãos e irmãs em todas as Américas, e peço que oreis por mim. Que a alegria do Evangelho esteja sempre em seus corações. O Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos acompanhe.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Sede Santos!

 
 Catequese de Bento XVI sobre a santidade cristã
Caros irmãos e irmãs,
Nas audiências gerais destes últimos dois anos, nos acompanharam as figuras de tantos santos e santas: aprendemos a conhecê-los mais de perto e a entendemos que toda a história da Igreja é marcada por estes homens e mulheres que com a fé deles, com a caridade deles, com a vida deles foram faróis para tantas gerações e também para nós.
Os santos manifestam em diversos modos, a presença potente e transformadora do Ressuscitado; eles deixaram que Cristo envolvesse plenamente a vida deles ao ponto de poderem afirmar como São Paulo: “Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). Seguir o exemplo deles, recorrer à intercessão deles, entrar em comunhão com eles,  nos une a Cristo, do qual emana toda a graça e toda a vida para o mesmo povo de Deus” (Conc. Ec. Vat. II, Cost. dogm.Lumen gentium 50). Ao final deste ciclo de catequeses gostaria então de oferecer uma meditação sobre o que seja a santidade.
O que quer dizer ser santos? Quem é chamado a ser santo? Por vezes somos levados ainda a pensar que a santidade seja uma meta reservada a poucos eleitos. São Paulo, ao contrário, fala do grande desígnio de Deus e afirma: “Nele – Cristo – Deus nos escolheu antes da criação do mundo para sermos santos e imaculados diante dEle na caridade” (Ef 1,4).
Aqui, ele fala de todos nós. No centro do desígnio divino está Cristo, no qual Deus mostra a sua face: O mistério escondido nos séculos é revelado em plenitude no Verbo feito carne. E Paulo depois diz: “Agrada a Deus de fato, que habite Nele toda a plenitude” (Col 1,19). Em Cristo, Deus vivente se fez próximo, visível, audível, tocável, a fim que todos pudessem atingir a sua plenitude de graça e de verdade (cfr Jo I,14-16).
Por isto, toda a existência cristã conhece uma única lei suprema, aquela que São Paulo exprime em uma fórmula que aparece em todos os seus escritos: em Cristo Jesus. A santidade, a plenitude da vida cristã não consiste no cumprir coisas extraordinárias, mas no unir-se a Cristo, no viver os seus mistérios, no fazer nossas as suas atitudes, os seus pensamentos, os seus comportamentos. A medida da santidade é dada pela estatura que Cristo alcança em nós, com a qual, com a força do Espírito Santo, modelamos toda a nossa vida na dEle.
E o ser conformes a Cristo, como afirma São Paulo: “Aqueles que Ele desde sempre conheceu, os predestinou a ser conformes à imagem do seu Filho” (Rm 8,29). E Santo Agostinho exclama: “Viva e será a minha vida toda repleta de Ti” (Confissões, 10,28).
O Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Igreja, fala com clareza sobre o chamado universal a santidade, afirmando que ninguém está excluído: “Nos vários gêneros da vida e nas várias profissões, uma única santidade é praticada por todos aqueles que foram movidos pelo Espírito de Deus e seguem Cristo pobre, humilde, que carrega a cruz, para merecerem ser participantes da sua glória” (n. 41).
Mas permanece a questão: Como podemos percorrer a estrada da santidade, responder a este chamado? Posso fazê-lo com as minhas forças?
A resposta é clara: uma vida santa não é fruto principalmente do nosso esforço, das nossas ações, porque é Deus, o três vezes Santo que nos faz santos, é a ação do Espírito Santo que nos anima a partir de dentro, é a mesma vida de Cristo Ressuscitado que nos é comunicada e que nos transforma. Para dizer isto mais uma vez com o Concílio Vaticano II: “Os seguidores de Cristo, chamados por Deus não segundo as suas obras, mas segundo o desígnio da sua graça e justificados em Jesus Senhor no batismo da fé, foram feitos verdadeiramente filhos de Deus e co participantes da natureza divina, e por isto, realmente santos. Esses, portanto, devem com a ajuda de Deus, manter isto na vida deles e aperfeiçoar a santidade que receberam” (ibid., 40).
A santidade tem, portanto, a sua raiz ultima na graça batismal, no ser nutrido no Mistério pascal de Cristo, com o qual nos vem comunicado o seu Espírito, a sua vida de Ressuscitado.
São Paulo sublinha em modo forte, a transformação que opera no homem a graça batismal e chega a cunhar uma terminologia nova, formada com a preposição “com”: co-mortos, co-sepultados, co-ressuscitados, co-vivificados com Cristo: o nosso destino está ligado indissoluvelmente ao seu. “Por meio do batismo – escreve – formos sepultados juntos com Ele na morte, a fim que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos assim também podemos caminhar em uma vida nova” (Rm 6,4). Mas Deus respeita sempre a nossa liberdade e pede que aceitemos este dom e vivamos as exigências que isto comporta, pede que nos deixemos transformar pela ação do Espírito Santo, conformando a nossa vontade a vontade de Deus.
Como pode acontecer que o nosso modo de pensar e as nossas ações se tornem o pensar e o agir com Cristo e de Cristo? Qual a alma da santidade? De novo o Concílio Vaticano II explica: diz-nos que a santidade cristã não é outra coisa se não a caridade plenamente vivida. “Deus é amor, quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nEle” (I Jo, 4,16).
Agora, Deus difundiu largamente o seu amor nos nossos corações por meio do Espírito santo, que nos foi dado (cfr Rm 5,5); por isto, o primeiro dom e o mais necessário é a caridade, com a qual amamos a Deus sobre todas as coisas e próximo por amor dEle.
Mas, para que a caridade, como uma boa semente, cresça na alma e frutifique cada fiel deve escutar com prazer a palavra de Deus e, com a ajuda da sua graça, cumprir com as obras da sua vontade, participar frequentemente dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia e da santa liturgia; aplicar-se constantemente a oração, na abnegação de si mesmo, no serviço ativo aos irmãos e a serviço de todas as virtudes. A caridade, de fato, vínculo da perfeição e cumprimento da Lei (cfr Col 3,14; Rm 13,10), conduz todos os meios de santificação, dá forma a eles e os conduz ao fim deles.  
Talvez também esta linguagem do Concílio Vaticano II para nós é ainda um pouco difícil, talvez devamos dizer as coisas em modo mais simples. O que é essencial? Essencial é nunca deixar um domingo sem um encontro com o Cristo Ressuscitado na Eucaristia; isto não é um peso acrescentado, mas é a luz para a toda a semana. Não começar e não terminar nunca um dia sem um breve contato com Deus. E, na estrada da nossa vida, seguir os “indicadores do caminho” que Deus nos comunicou no Decálogo lido com Cristo, que é simplesmente a explicitação de que coisa seja a caridade em determinadas situações.
Parece-me que esta seja a verdadeira simplicidade e grandeza da vida de santidade: o encontro com o Ressuscitado no domingo; o contato com Deus no início e no fim do dia; e seguir nas decisões os indicadores do caminho que Deus nos comunicou, que são as formas de caridade. Por isto, o verdadeiro discípulo de Cristo se caracteriza pela caridade dirigida a Deus e ao próximo. (Lumen gentium, 42). Esta é a verdadeira simplicidade, grandeza e profundidade da vida cristã, do ser santos.
Eis porque Santo Agostinho, comentando o capitulo quarto da Primeira carta de São João, pode afirmar uma coisa corajosa: "Dilige et fac quod vis", “Ame e faça o que quiser”. E continua: “Se repreenderes, que repreendas por amor, se falares, então fales por amor, se corrigires, corrijas por amor, se perdoares, perdoes por amor; esteja em Ti a raiz do amor, já que desta raiz só pode proceder o bem” (7,8: PL 35).
Quem é guiado pelo amor, quem vive a caridade plenamente é guiado por Deus, porque Deus é amor. Assim vale esta palavra grande: "Dilige et fac quod vis", “Ame e faça aquilo que queres”. Talvez nos perguntemos: podemos nós, com os nossos limites, com a nossa fraqueza, nos projetarmos assim para o alto?
A Igreja, durante o ano litúrgico, nos convida a fazer memória de uma legião de santos, daqueles que viveram plenamente a caridade, souberam amar e seguir Cristo na vida cotidiana. Eles nos dizem que é possível para todos percorrer esta estrada. Em todas as épocas da história da Igreja, em cada latitude da geografia do mundo, os santos pertencem a todos as idades e a todos os estados de vida, são rostos concretos de todos os povos, línguas e nações. E são tipos muito diversos.
Na realidade devo dizer que também para a minha fé pessoal, muitos santos, não todos, são verdadeiras estrelas no firmamento da história. E gostaria de acrescentar que para mim, não somente alguns grandes santos que amo e que conheço bem são estes “indicadores do caminho”, mas também aqueles santos simples, as pessoas boas que vejo na minha vida, que não serão nunca canonizadas. São pessoas normais, por assim dizer, sem heroísmo visível, mas na bondade delas de todos os dias, vejo a verdade da fé.
Esta bondade, que amadureceu na fé da Igreja, é para mim a mais segura apologia do cristianismo e o sinal de onde esteja a verdade. Na comunhão dos Santos, canonizados e não canonizados, que a Igreja vive graças a Cristo em todos os seus membros, nos regozijamos com a presença e a companhia deles e cultivamos a forte esperança de poder imitar o caminho deles e partilhar um dia a mesma vida agraciada, a vida eterna.
Caros amigos, como é grande e bela e também simples a vocação cristã vista nessa luz! Todos somos chamados a santidade: é a medida desta mesma vida cristã. Ainda uma vez São Paulo a exprime com grande intensidade quando escreve: “A cada um de nós foi dada a graça segundo a medida do dom de Cristo. Ele deu a alguns de serem apóstolos, a outros de serem pastores e mestres, para preparar os irmãos a cumprir o ministério, com o objetivo de edificar o corpo de Cristo, a fim que cheguemos todos a unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, até o homem perfeito, até atingir a medida da plenitude de Cristo” (Ef 4,7.11-13).
Gostaria de convidar todos a abrir-se a ação do Espírito Santo, que transforma a nossa vida, para ser também nós como fragmentos do grande mosaico de santidade que Deus vai criando na história, a fim que a face de Cristo esplenda na plenitude do seu fulgor.
Não tenhamos medo de nos projetarmos em direção ao alto, em direção as alturas de Deus, não tenhamos medo que Deus nos peça muito, mas nos deixemos guiar em todas as nossas ações cotidianas pela Sua palavra, também se nos sentimos pobres, inadequados pecadores, será Ele a transformar-nos segundo o seu Amor. Obrigado.
13.04.2011 - Cidade do Vaticano

Sede Santo

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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Assis: Homilia do Papa Francisco

Visita a Assis - Íntegra


Assis: Homilia do Papa Francisco
HOMILIA
Visita Pastoral a Assis
Missa na Praça São Francisco de Assis
Sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

“Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mt 11, 25).
Paz e bem a todos! Com esta saudação franciscana agradeço-vos por terem vindo aqui, nesta praça, cheia de história e de fé, para rezarem juntos.
Hoje também eu, como tantos peregrinos, vim aqui para bendizer o Pai por tudo aquilo que quis revelar a cada um destes “pequenos” de que fala o Evangelho: Francisco, filho de um rico comerciante de Assis. O encontro com Jesus o levou a despojar-se de uma vida confortável e despreocupada para casar-se com a “Mãe Pobreza” e viver como verdadeiro filho do Pai que está nos céus. Esta escolha, por parte de São Francisco, representava um modo radical de imitar Cristo, de revestir-se Daquele que, rico que era, fez-se pobre para enriquecer-nos por meio da sua pobreza (cfr Cor 8, 9). Em toda a vida de Francisco, o amor pelos pobres e a imitação de Cristo pobre são dois elementos unidos de modo indissociável, as duas faces de uma mesma moeda.
O que testemunha São Francisco a nós, hoje? O que nos diz, não com as palavras – isto é fácil – mas com a vida?
1. A primeira coisa que nos diz, a realidade fundamental que nos testemunha é esta: ser cristãos é uma relação vital com a Pessoa de Jesus, é revestir-se Dele, é assimilação a Ele.
De onde parte o caminho de Francisco rumo a Cristo? Parte do olhar de Jesus na cruz. Deixar-se olhar por Ele no momento em que doa a vida por nós e nos atrai para Ele. Francisco fez esta experiência de modo particular na pequena Igreja de São Damião, rezando diante do crucifixo, que também eu pude venerar hoje. Naquele crucifixo, Jesus não aparece morto, mas vivo! O sangue escorre das feridas das mãos, dos pés e dos lados, mas aquele sangue exprime vida. Jesus não tem os olhos fechados, mas abertos, grandes: um olhar que fala ao coração. E o crucifixo não nos fala de derrota, de fracasso; paradoxalmente nos fala de uma morte que é vida, que gera vida, porque fala de amor, porque é Amor de Deus encarnado, e o Amor não morre, antes, vence o mal e a morte. Quem se deixa olhar por Jesus crucificado é re-criado, transforma-se uma “nova criatura”. Daqui parte tudo: é a experiência da Graça que transforma, o ser amado sem mérito, mesmo sendo pecadores. Por isto Francisco pode dizer, como São Paulo: “Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gal 6,14).
Nós nos dirigimos a ti, Francisco, e te pedimos: ensina-nos a permanecer diante do Crucifixo, a deixar-nos guiar por Ele, a deixar-nos perdoar, recriar pelo seu amor.
2. No Evangelho, escutamos estas palavras: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 28-29).
Esta é a segunda coisa que Francisco nos testemunha: quem segue Jesus, recebe a verdadeira paz, aquela que só Ele, e não o mundo, pode nos dar. São Francisco é associado por muitos à paz, e é justo, mas poucos seguem em profundidade. Qual é a paz que Francisco acolheu e viveu e nos transmite? Aquela de Cristo, passada através do amor maior, aquela da Cruz. É a paz que Jesus Ressuscitado deu aos discípulos quando apareceu em meio a eles (cfr Jo 20, 19.20).
A paz franciscana não é um sentimento “piegas”. Por favor: este São Francisco não existe! E nem é uma espécie de harmonia panteísta com as energias do cosmo… Também isto não é franciscano! Também isto não é franciscano, mas é uma ideia que alguns construíram! A paz de São Francisco é aquela de Cristo, e a encontra quem “toma sobre si o seu jugo”, isso é, o seu mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei (cfr Gv 13,34; 15,12).  E este jugo não se pode levar com arrogância, com presunção, com soberba, mas somente se pode levar com mansidão e humildade de coração.
Dirigimo-nos a ti, Francisco, e te pedimos: ensina-nos a sermos “instrumentos da paz”, da paz que tem a sua origem em Deus, a paz que nos trouxe o Senhor Jesus.
3. Francisco inicia o Cântico assim: “Altíssimo, onipotente, bom Senhor… Louvado sejas, com todas as criaturas” (FF, 1820). O amor por toda a criação, pela sua harmonia! O Santo de Assis testemunha o respeito por tudo aquilo que Deus criou e como Ele o criou, sem experimentar sobre a criação para destruí-la; ajudá-la a crescer, a ser mais bela e mais similar àquilo que Deus criou. E, sobretudo, São Francisco testemunha o respeito por tudo, testemunha que o homem é chamado a proteger o homem, que o homem esteja no centro da criação, no lugar onde Deus – o Criador – o quis. Não instrumento dos ídolos que nós criamos! A harmonia e a paz! Francisco foi homem de harmonia, homem de paz. Desta Cidade da Paz, repito com a força e a mansidão do amor: respeitemos a criação, não sejamos instrumentos de destruição! Respeitemos cada ser humano: cessem os conflitos armados que ensanguentam a terra, silenciem-se as armas e então o ódio dê lugar ao amor, a ofensa ao perdão e a discórdia à união. Ouçamos o grito daqueles que choram, sofrem e morrem por causa da violência, do terrorismo ou da guerra, na Terra Santa, tão amada por São Francisco, na Síria, no Oriente Médio, em todo o mundo.
Dirigimo-nos a ti, Francisco, e te pedimos: alcançai-nos de Deus o dom que neste nosso mundo nos seja harmonia, paz e respeito pela Criação!
Não posso esquecer, enfim, que hoje a Itália celebra São Francisco como seu Patrono. Eu dou as felicitações a todos os italianos, na pessoa do Chefe do governo, aqui presente. Exprime-o também o tradicional gesto da oferta do óleo para a lâmpada votiva, que este ano é da Região da Umbria. Rezemos pela nação italiana, para que cada um trabalhe sempre pelo bem comum, olhando para aquilo que une mais do que para aquilo que divide.
Faço minha a oração de São Francisco por Assis, pela Itália, pelo mundo: “Peço-te então, ó Senhor Jesus Cristo, pai das misericórdias, de não querer olhar à nossa ingratidão, mas de recordar-te sempre da superabundante piedade que [nesta cidade] mostraste, a fim de que seja sempre o lugar e a casa daqueles que verdadeiramente te conhecem e glorificam o teu nome bendito e gloriosíssimo nos séculos dos séculos. Amém” (Espelho de perfeição, 124: FF, 1824).

Irmão Sol, Irmã Lua - Completo dublado

domingo, 18 de agosto de 2013

Ordenação diaconal de Ir. Sílvio

18 de Agosto - Solenidade da Assunção de Maria

Hoje, às 10 horas da manhã, o Ir. Sílvio Souza foi ordenado diácono pela imposição das mãos de Dom José Gonzalez, bispo diocesano de Cajazeiras.
Deus, mais uma vez, confirma a eleição dos Irmãos da Sagrada Face. Certamente, a nossa amada Bem-aventurada Madre Mastena está feliz ao ver florescer esse pequeno jardim no seio da Igreja, levando o carisma de Propagar, Reparar e Restabelecer a Face de Jesus nos irmãos.
Sim, hoje, Jesus sorriu, ao receber a vida do Ir. Sílvio, consagrada ao serviço dos irmãos no diaconato. Ir. Sílvio, agora diácono, é chamado a pegar o avental, e servir, lavando os pés dos irmãos e irmãs que se encontram à margem do caminho da vida.
Vai, Ir. Sílvio, vai servir os teus irmãos, aos quais foste enviado, para os quais foste ordenado.
Sim, coloca o avental, transpõe as fronteiras e dirigi-te aos mais necessitados, leva o sorriso da Face de Jesus e devolve às pessoas que encontrares pelo caminho, o sorriso, a alegria de viver, a dignidade de filhos e filhas amados de Deus. 
Vai, servo, e consola os tristes, ampara os desabrigados, caminha com aqueles para os quais o caminho é íngreme, sê companheiro de estrada e conduz teus irmãos ao encontro com o Cristo. 
Olhando para o Servo dos servos, aprende dele o serviço amoroso e incondicional pelos preferidos do reino.
Servindo, entenderás o significado do discipulado.
Que o Senhor o ilumine cada dia e o torne apto ao serviço do povo de Deus!
Parabéns!!!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

CORAÇÃO DE JESUS - Roberto Carlos



SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, TENDE COMPAIXÃO DE NÓS, POBRES PECADORES!
OLHAI PARA NÓS, E ATRAÍ-NOS A VÓS!
QUE NOSSOS CORAÇÕES SE VOLTEM PARA A CONTEMPLAÇÃO DO VOSSO DULCÍSSIMO CORAÇÃO!
Ó CORAÇÃO DE JESUS, QUE AMEMOS-VOS COM  TODO O NOSSO SER E NOSSA ALMA!


Belissimo Esposo - Comunidade Shalom

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Saudade de mãe!!!


Coloquei o filtro da arte naquela cena comum
e a luz que até então estava escondida
veio surpreender-me com seu poder de claridade.

A mulher simples, mãos calejadas de lida rotineira,
mulher que aprendeu a curar as dores do mundo
a partir dos meus joelhos esfolados de quedas e estripulias.

Aquela mulher, minha mãe,
rosto iluminado por uma labareda que tinha origem no fogão de lenha
trazia consigo o dom de me devolver a calma
que a vida tantas vezes insistiu em me roubar.

Aquela cena, mulher, fogão de lenha,
panela preta, escondendo a brancura de um arroz feito na hora
é uma das cenas mais preciosas
que meu coração não soube esquecer.

Saudade de mãe é coisa sem jeito.
Chega quando menos imaginamos:
um cheiro, uma melodia, uma palavra, uma imagem
e eis que o cordão do tempo nos convida ao retorno à infância,
como se um fio nos costurasse de novo ao colo da mulher
que primeiro nos segurou na vida
e agora pudesse nos regenerar.

Saudade de mãe é ponte que nos favorece um retorno a nós mesmos.
Travessia que nos recorda uma identidade muitas vezes esquecida,
perdida na pressa que nos leva.

Saudade de mãe é devolução,
é ato que restitui o que se parte,
é luz que sinaliza o local do porto,
é voz no ouvido a nos acalmar
nas madrugadas de desespero e solidão
através de uma frase simples:

"dorme meu filho, dorme"

Hoje, nesse dia em que a vida me fez criança de novo;
neste instante em que esta cena feliz tomou conta de mim,
uma única palavra eu quero dizer


Oh, minha mãe... que saudade eu sinto de você!

(Pe. Fábio de Melo)

O dia da mãe das mães


O dia da mãe das mães

Mãe de todos nós, Maria é um exemplo particular para as mulheres, chamadas pela própria natureza e escolhidas por Deus para a missão da maternidade.  A jovem de Nazaré, ainda virgem, carregará em seu ventre o Filho de Deus, irá gestá-Lo de forma humana e, assim, verá acontecer em seu próprio corpo o milagre da geração da vida.  Pela essência divina de Seu Filho, Maria faz de seu útero o primeiro sacrário da humanidade.  O que essa mulher teria, então, a dizer hoje para todas as mulheres e mães de nosso tempo?
O mistério da concepção da vida e de sua gestação no ventre de uma mulher é uma experiência única e indizível.  As transformações físicas e emocionais pelas quais a mulher passa durante uma gravidez são, porém, constituintes de sua natureza feminina e só a fortalecem como nenhuma outra experiência é capaz de fazê-lo.  Por sua gestação, a jovem Maria tornou-se mulher.  Sedimentou em seu coração os sentimentos próprios daquela que é feita para cuidar, para alimentar, para acolher, para estar pronta sempre.  Maria experimentou o “ser mãe” tal qual qualquer mulher o experimenta e, por isto, recebeu os frutos próprios da geração de um filho: o paraíso e a dor, o carinho inigualável expressado na troca de um olhar, o pulsar do coração mais forte na primeira vez em que o ouviu chamá-La de “mãe” (ou, provavelmente, “mãmã” como o dizem os bebês).
O divino que crescia em seu ventre, divinizava todo o seu ser: corpo e espírito.  Assim também acontece com a mulher que gera um filho.  Não carregamos mais a expectativa de gerar em nossos ventres atuais o Messias, mas os filhos que geramos hoje são a concretização das promessas de Deus, que continua a acreditar na humanidade e, por isso, teima em fazê-la crescer.  O mistério da maternidade é divino em si.  Deus, o Criador de todas as coisas, poderia ter escolhido outra forma de fazer a humanidade multiplicar-se, mas escolheu a maternidade, escolheu o escondido de duas vidas que se fazem uma única e esta é gerada dentro de um útero e acalentada no seio de uma mulher.
Portanto, o Dia das Mães, não pode ser só uma data comercial, não pode ser só uma confraternização das famílias.  É o dia de celebrar um mistério de Deus, uma aliança que o Pai faz com seus filhos – ou, especificamente, com suas filhas – tornando-os partícipes na perpetuação da humanidade, fazendo-os acolher o mistério da vida gerada desde sempre em Seu coração.
Autor: Gilda Carvalho

domingo, 28 de abril de 2013

A SAGRADA FACE Irmã Kelly Patricia (Bernadete)

Sim, "tua Face, Senhor, eu procuro. A face de todo homem que sofre é a tua face, Senhor, e me pedes que a enxugue. Tomaste sobre ti a angústia e a dor de todos os homens desprezados, pisados, marginalizados e ficaste aniquilado. A tua face tão desfigurada que não parece mais a de um homem é a face de Deus, a face do homem, a face do Amor. Mostra-me, Senhor, a tua face e serei salvo".

Novena a Sagrada Face - 1


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Aleluia! Cristo ressuscitou!!!

 Homilia do Papa Francisco na Páscoa de 2013
Amados irmãos e irmãs! 1. No Evangelho desta noite luminosa da Vigília Pascal, encontramos em primeiro lugar as mulheres que vão ao sepulcro de Jesus levando perfumes para ungir o corpo d’Ele (cf. Lc 24, 1-3). Vão cumprir um gesto de piedade, de afeto, de amor, um gesto tradicionalmente feito a um ente querido falecido, como fazemos nós também. Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou. Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a irem ao sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo de novo que lhes transtorna o coração e os seus programas e subverterá a sua vida: vêem a pedra removida do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor. O caso deixa-as perplexas, hesitantes, cheias de interrogações: «Que aconteceu?», «Que sentido tem tudo isto?» (cf. Lc 24, 4). Porventura não se dá o mesmo também conosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente novo na cadência diária das coisas? Paramos, não entendemos, não sabemos como enfrentá-la. Frequentemente mete-nos medo a novidade, incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no Evangelho: muitas vezes preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo com o pensamento num defunto que, no fim de contas, vive só na memória da história, como as grandes figuras do passado. Tememos as surpresas de Deus. Queridos irmãos e irmãs, na nossa vida, temos medo das surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender! O Senhor é assim. Irmãos e irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pensamos que não conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos a Ele. 2. Mas voltemos ao Evangelho, às mulheres, para vermos mais um ponto. Elas encontram o túmulo vazio, o corpo de Jesus não está lá… Algo de novo acontecera, mas ainda nada de claro resulta de tudo aquilo: levanta questões, deixa perplexos, sem oferecer uma resposta. E eis que aparecem dois homens em trajes resplandecentes, dizendo: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 5-6). E aquilo que começara como um simples gesto, certamente cumprido por amor – ir ao sepulcro –, transforma-se em acontecimento, e num acontecimento tal que muda verdadeiramente a vida. Nada mais permanece como antes, e não só na vida daquelas mulheres mas também na nossa vida e na nossa história da humanidade. Jesus não é um morto, ressuscitou, é o Vivente! Não regressou simplesmente à vida, mas é a própria vida, porque é o Filho de Deus, que é o Vivente (cf. Nm 14, 21-28; Dt 5, 26, Js 3, 10). Jesus já não está no passado, mas vive no presente e lança-Se para o futuro; Jesus é o «hoje» eterno de Deus. Assim se apresenta a novidade de Deus diante dos olhos das mulheres, dos discípulos, de todos nós: a vitória sobre o pecado, sobre o mal, sobre a morte, sobre tudo o que oprime a vida e lhe dá um rosto menos humano. E isto é uma mensagem dirigida a mim, a ti, amada irmã, a ti amado irmão. Quantas vezes precisamos que o Amor nos diga: Porque buscais o Vivente entre os mortos? Os problemas, as preocupações de todos os dias tendem a fechar-nos em nós mesmos, na tristeza, na amargura… e aí está a morte. Não procuremos aí o Vivente! Aceita então que Jesus Ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver como Ele quer. 3. Há ainda um último elemento, simples, que quero sublinhar no Evangelho desta luminosa Vigília Pascal. As mulheres se encontram com a novidade de Deus: Jesus ressuscitou, é o Vivente! Mas, à vista do túmulo vazio e dos dois homens em trajes resplandecentes, a primeira reação que têm é de medo: «amedrontadas – observa Lucas –, voltaram o rosto para o chão», não tinham a coragem sequer de olhar. Mas, quando ouvem o anúncio da Ressurreição, acolhem-no com fé. E os dois homens em trajes resplandecentes introduzem um verbo fundamental: lembrai. «Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galiléia (...) Recordaram-se então das suas palavras» (Lc 24, 6.8). Este é o convite a fazer memória do encontro com Jesus, das suas palavras, dos seus gestos, da sua vida; e é precisamente este recordar amorosamente a experiência com o Mestre que faz as mulheres superarem todo o medo e levarem o anúncio da Ressurreição aos Apóstolos e a todos os restantes (cf. Lc 24, 9). Fazer memória daquilo que Deus fez e continua a fazer por mim, por nós, fazer memória do caminho percorrido; e isto abre de par em par o coração à esperança para o futuro. Aprendamos a fazer memória daquilo que Deus fez na nossa vida. Nesta Noite de luz, invocando a intercessão da Virgem Maria, que guardava todos os acontecimentos no seu coração (cf. Lc 2, 19.51), peçamos ao Senhor que nos torne participantes da sua Ressurreição: que nos abra à sua novidade que transforma, às surpresas de Deus, que são tão belas; que nos torne homens e mulheres capazes de fazer memória daquilo que Ele opera na nossa história pessoal e na do mundo; que nos torne capazes de O percebermos como o Vivente, vivo e operante no meio de nós; que nos ensine, queridos irmãos e irmãs, cada dia a não procurarmos entre os mortos Aquele que está vivo. Assim seja.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Solenidade de Maria, Mãe de Deus





HOMILIA DO PAPA BENTO XVI


Basílica Vaticana
Terça-feira, 1° de Janeiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs!
«Que Deus nos dê a sua graça e a sua bênção, e sua face resplandeça sobre nós». Assim aclamamos com as palavras do Salmo 66, depois de termos escutado, na primeira leitura a antiga bênção sacerdotal sobre o povo da aliança. É particularmente significativo que, no início de cada ano novo Deus projete sobre nós, seu povo, o brilho do seu santo Nome, o Nome que é pronunciado três vezes na fórmula solene da bênção bíblica. Não menos significativo é o fato de que seja dado ao Verbo de Deus - que «se fez carne e habitou entre nós», como «a luz de verdade que ilumina todo ser humano» (Jo 1, 9.14) -, oito dias depois seu natal - como nos narra o Evangelho de hoje - o nome de Jesus (cf. Lc 2, 21).
É nesse nome que nós estamos aqui reunidos. Saúdo cordialmente todos os presentes, a começar pelos ilustres Embaixadores do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé. Saúdo com afeto o Cardeal Bertone, meu Secretário de Estado e ao Cardeal Turkson, com todos os membros do Conselho Pontifício Justiça e Paz; sou-lhes particularmente grato por seus esforços na difusão da Mensagem para o Dia Mundial da Paz, que este ano tem como tema “Bem-aventurados os obreiros da paz”.
Embora o mundo, infelizmente, ainda esteja marcado com «focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado», além de diversas formas de terrorismo e criminalidade, estou convencido de que «as inúmeras obras de paz, de que é rico o mundo, testemunham a vocação natural da humanidade à paz. Em cada pessoa, o desejo de paz é uma aspiração essencial e coincide, de certo modo, com o anelo por uma vida humana plena, feliz e bem sucedida. Por outras palavras, o desejo de paz corresponde a um princípio moral fundamental, ou seja, ao dever-direito de um desenvolvimento integral, social, comunitário, e isto faz parte dos desígnios que Deus tem para o homem. Na verdade, o homem é feito para a paz, que é dom de Deus. Tudo isso me sugeriu buscar inspiração, para esta Mensagem, às palavras de Jesus Cristo: “Bem-aventurados os obreiros da paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5, 9)» (Mensagem, 1). Esta bem-aventurança «diz que a paz é, simultaneamente, dom messiânico e obra humana.... é paz com Deus, vivendo conforme à sua vontade; é paz interior consigo mesmo, e paz exterior com o próximo e com toda a criação» (Ibid., 2 e 3). Sim, a paz é bem por excelência que deve ser invocado como um dom de Deus e, ao mesmo tempo, que deve ser construído com todo o esforço.
Podemos perguntar-nos: qual é o fundamento, a origem, a raiz dessa paz? Como podemos sentir em nós a paz, apesar dos problemas, da escuridão e das angústias? A resposta nos é dada pelas leituras da liturgia de hoje. Os textos bíblicos, a começar pelo Evangelho de Lucas, há pouco proclamado, nos propõe a contemplação da paz interior de Maria, a Mãe de Jesus. Durante os dias em que «deu à luz o seu filho primogênito» (Lc 2,7), Maria deve de afrontar muitos acontecimentos imprevistos: não só o nascimento do Filho, mas antes a árdua viagem de Nazaré à Belém; não encontrar um lugar no alojamento; a procura de um abrigo improvisado no meio da noite; e depois o cântico dos anjos, a visita inesperada dos pastores. Maria, no entanto, não se perturba com todos estes fatos, não se agita, não se abala com acontecimentos que lhe superam; Ela simplesmente considera, em silêncio, tudo quanto acontece, guardando na sua memória e no seu coração, refletindo com calma e serenidade. É esta é a paz interior que queremos ter em meio aos acontecimentos às vezes tumultuosos e confusos da história, acontecimentos cujo sentido muitas vezes não conseguimos compreender e que nos deixam abalados.
A passagem do Evangelho termina com uma menção à circuncisão de Jesus. Conforme a Lei de Moisés, oito dias após o nascimento, o menino devia ser circuncidado, e nesse momento lhe era dado o nome. O próprio Deus, através de seu mensageiro, dissera a Maria - e também a José – que o nome a ser dado para a criança era “Jesus” (cf. Mt 1, 21; Lc 1, 31), e assim aconteceu. Aquele nome que Deus já tinha estabelecido antes mesmo que o Menino fosse concebido, lhe é dado oficialmente no momento da circuncisão. E isto marca definitivamente a identidade de Maria: ela é “a mãe de Jesus”, ou seja a mãe do Salvador, do Cristo, do Senhor. Jesus não é um homem como qualquer outro, mas é o Verbo de Deus, uma das Pessoas divinas, o Filho de Deus: por isso a Igreja deu a Maria o título de Theotokos, ou seja, “Mãe de Deus”.
A primeira leitura nos recorda que a paz é um dom de Deus e está ligada ao esplendor da face de Deus, de acordo com o texto do Livro dos Números, que transmite a bênção usada pelos sacerdotes do povo de Israel nas assembléias litúrgicas. Uma bênção que por três vezes repete o santo Nome de Deus, o nome impronunciável, ligando a cada repetição o santo Nome a dois verbos que indicam uma ação em favor do homem: «O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti. O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz» (6, 24-26). A paz é, portanto, o ponto culminante dessas seis ações de Deus em nosso favor, em que Ele nos dirige o esplendor da sua face.
Para a Sagrada Escritura, a contemplar a face de Deus é a felicidade suprema: «o cobristes de alegria em vossa face», diz o salmista (Sl 21, 7). Da contemplação da face de Deus nascem alegria, paz e segurança. Mas o que significa concretamente contemplar a face do Senhor, tal como se entende no Novo Testamento? Significa conhecê-Lo diretamente, tanto quanto é possível nesta vida, através de Jesus Cristo, no qual Deus se revelou. Deleitar-se com o esplendor da face de Deus significa penetrar no mistério de seu Nome manifestado a nós por Jesus, compreender algo da sua vida íntima e da sua vontade, para que possamos viver de acordo com seu designio de amor para a humanidade. O apóstolo Paulo expressa justamente isso na segunda leitura, da Carta aos Gálatas (4, 4-7), afirmando que do Espírito, que no íntimo dos nossos corações, clama: «Abá! Ó Pai». É o clamor que brota da contemplação da verdadeira face de Deus, da revelação do mistério do Nome. Jesus diz: «Manifestei o teu nome aos homens» (Jo 17, 6). O Filho de Deus feito carne nos deu a conhecer o Pai, nos fez perceber no seu rosto humano visível a face invisível do Pai; através do dom do Espírito Santo derramado em nossos corações, nos fez conhecer que n’Ele nós também somos filhos de Deus, como diz São Paulo na passagem que escutamos: «Porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá! Ó Pai» (Gal 4, 6).
Queridos irmãos e irmãs, eis o fundamento da nossa paz: a certeza de contemplar em Jesus Cristo o esplendor da face de Deus, de ser filhos no Filho e ter, assim, na estrada da vida, a mesma segurança que a criança sente nos braços de um Pai bom e onipotente. O esplendor da face do Senhor sobre nós, que nos dá a paz, é a manifestação da sua paternidade; o Senhor dirige sobre nós a sua face, se mostra como Pai e nos dá a paz. Aqui está o princípio daquela paz profunda - «paz com Deus» - que está intimamente ligada à fé e à graça, como escreve São Paulo aos cristãos de Roma (Rm 5, 2). Nada pode tirar daqueles que creem esta paz, nem mesmo as dificuldades e os sofrimentos da vida. De fato, os sofrimentos, as provações e a escuridão não corroem, mas aumentam a nossa esperança, uma esperança que não decepciona, porque "o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5, 5).
Que a Virgem Maria, que hoje veneramos com o título de Mãe de Deus, nos ajude a contemplar a face de Jesus, Príncipe da Paz. Que Ela nos ajude e nos acompanhe neste novo ano; que Ela obtenha para nós e para o mundo inteiro o dom da paz. Amém!